“ESTE É O MEU FILHO MUITO AMADO”
O batismo do Senhor inaugura sua vida pública e marca, então, como que o início de um caminho a ser percorrido: a revelação de Jesus como o enviado do Pai. Por meio de milagres, curas e pregações, Jesus anunciará o Reino de Deus e ensinará como fazer parte desse Reino, que tem uma perspectiva futura, mas começa na vida concreta da comunidade cristã.
Pelo batismo, somos membros do Reino de Deus, que não se identifica com as estruturas de poder deste mundo; antes, exprime uma realeza que provém da “água e do Espírito”, que não faz acepção de pessoas nem de culturas, mas convida à conversão, “pois o Reino está próximo” (Mt 4,17). Ao sermos batizados, somos associados à Igreja, corpo místico de Cristo e continuadora de seu ministério e missão: reunir todos em um único rebanho.
É preciso ter atenção, pois há sempre o risco de cair num legalismo cego, eletivo e opressor. Reunir e congregar são verbos de ação que devem ser acompanhados de um terceiro, acolher. E a acolhida deve ser feita escutando. Não raro o que se percebe é verdadeira “febre” de cura e libertação, de conversão (dos outros…), de ensino de posturas que se encerram no ato litúrgico ou de compromissos que não ultrapassam as palavras. Ser parte da Igreja é, ao contrário, ser extensão, na vida cotidiana, não das ações de um Cristo meramente “gente boa”, pop e permissivo, mas do Cristo “Filho do Deus vivo”, que veio salvar a humanidade do mal.
Quanta guerra, violência e descaso com a vida humana! Quanto desprezo com a vivência da fé, da espiritualidade e da vocação batismal. Às vezes as pessoas da Igreja desprezam a história, a riqueza espiritual e sacramental, em nome de uma abertura que nada mais é do que ausência de qualquer compromisso. Talvez a falta de compromisso com o sagrado possa ser considerada algo de menor importância, mas como é possível ter responsabilidade com o próximo, com a natureza, sem ter com Aquele que criou tudo em perfeita harmonia e integração?
Jesus é o Filho amado do Pai, e nós também, porque somos conformados a ele pelo batismo e pela vivência dessa linda vocação. Por isso é sugerida hoje a renovação das promessas batismais, que consistem em renunciar às forças do mal e confessar Deus como Senhor da história e de nossa vida. Viver essa piedade na vida cotidiana é algo desafiador, pois implica “nadar contra a corrente”.
Maria, discípula exemplar e Mãe atenta, nos ajude a viver nossa vocação batismal na comunidade e na sociedade, sendo testemunhas autênticas do Ressuscitado.
Bruno Rosa, ssp
O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
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