O Domingo – Palavra
10 de agosto – 19º DOMINGO DO TEMPO COMUM

ESTAR VIGILANTES

A ideia de “rebanho” normalmente vincula-se à de “multidão”, mas o reba­nho referido no Evangelho é “pequeni­no” (v. 32). Não raro, um agrupamento reduzido está sujeito à angústia de se sentir mais exposto aos perigos e, co­mo consequência, julga ser necessário crescer em número, para ter mais forças para enfrentar eventuais dificuldades. Não é assim que também muitos de nós, quando cheios de preocupações, somos tentados a acumular compras e mercadorias, para sentir maior segu­rança? Tal dinâmica pode levar até mes­mo o discípulo e a discípula de Jesus a ter, como foco principal, os bens mate­riais, desvinculando-se, dessa forma, do verdadeiro tesouro que lhes foi dado: o Reino. Esse é o alerta de Jesus aos seus discípulos e a nós hoje.

No caminho de seguimento do Senhor, nem sempre é fácil estarmos atentos, ansiando por um Reino que não vemos com os olhos físicos. Com razão, Jesus insiste na atitude de vigiar (v. 35.37-40.43). As várias vigílias men­cionadas no Evangelho (v. 38) nos re­metem à “hora” da paixão e também da volta do Senhor. O evangelista Lucas certamente se dirige aos primeiros se­guidores de Jesus, imersos em dúvidas no contexto pós-pascal. Eles ouviram que o Senhor iria voltar em glória para levá-los ao seu Reino, mas o tempo pas­sou e nada aconteceu.

Alguns desanimaram, enquanto ou­tros se perguntaram se não poderiam estar errados. Colocando as palavras na boca de Jesus, o evangelista respon­de, convidando a comunidade e a nós a vigiar. Trata-se de convite a estabe­lecermos uma relação com o Senhor fundada numa atitude de conversão à sua Palavra, fazendo-nos disponíveis e libertando-nos de todas as preocu­pações para receber o Reino que nos é dado; em suma, tornando-nos vigilan­tes por amor ao Reino que desejamos e que corremos o risco de abandonar quando excessivamente preocupados com as coisas do mundo.

Com efeito, somos chamados a vi­giar, não só no sentido de nos man­termos atentos, mas também de zelar pelas nossas palavras, olhares e gestos cotidianos que podem desencorajar a caminhada no discipulado de quem também vigia e está a serviço dos mais fracos neste tempo de espera. Conhe­cemos os danos causados por uma pa­lavra maliciosa, por um olhar acusador ou indiferente dirigidos a quem se põe a serviço e se dedica ao cuidado dos desesperançados do tempo presente. Acolhamos, portanto, o convite para vigiar, não apenas ficando de prontidão, mas também servindo, como aquele que espera o patrão e está sempre pre­parado para recebê-lo, segundo o cami­nho que o Espírito indica.

Christian Dino Batsi, ssp


O Domingo – Palavra

O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.

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