QUE HERANÇA DEIXAR?
Em pleno Ano Jubilar, que nos convoca para sermos peregrinos de esperança, o Evangelho de hoje ativa o sinal de alerta sobre ficar longe da ganância.
A realidade que nos cerca dificulta a atenção a esse sinal. Há atraente estímulo ao consumo desenfreado, ao acúmulo de bens e à busca de privilégios. A ânsia em possuir torna-se doentia. Nesse confronto aberto em busca de vantagens e lucros, mediante a competição, poucos têm muito e muitos têm pouco ou quase nada. Não faltam exemplos, entre esses poucos, dos que dispõem de fortunas colossais, que lhes permitem mundana ostentação, enquanto milhões perambulam em busca de sobrevivência. E assim se amplia a desigualdade social.
A permanência dessa realidade favorece o endurecimento dos corações. O risco é entender ser normal servir, ao mesmo tempo, a Deus e às riquezas. Jesus, porém, adverte: “Não podeis servir a dois senhores; a Deus e ao dinheiro” (Lc 16,13). O Evangelho de hoje previne: “mesmo que alguém tenha muitas coisas, a sua vida não depende de seus bens” (v. 15).
Há, sim, riqueza que agrada a Deus: misericórdia e compaixão! Essa riqueza não é obtida com disputas, divisões ou acúmulo, mas com a partilha. Não a cada um segundo seus méritos, mas a cada um segundo suas necessidades (cf. Mt 20,14).
Para explicitar melhor esse referencial do Evangelho, Jesus conta a parábola do rico sem juízo, que acredita ser feliz porque teve sorte de obter uma grande colheita, sentindo-se seguro pelos bens acumulados, pelo longo tempo que teria pela frente e pela tranquilidade que esses bens prometiam dar-lhe. Mas Deus o chama à realidade: “Nesta mesma noite você vai ter de devolver sua vida” (v. 20). A conclusão da parábola é esta: “Assim acontece com quem acumula para si, mas não é rico para Deus” (v. 21). Em outros termos, querer ansiosamente acumular revela-se grande insensatez!
Que herança nos preocupamos em deixar? Bens materiais ou a edificação de pessoas, ajudando-as a ser generosas com o próximo?
Pe. Darci Luiz Marin, ssp
É um periódico que tem a missão de colaborar na animação das comunidades cristãs em seus momentos de celebração eucarística. Ele é composto pelas leituras litúrgicas de cada domingo, uma proposta de oração eucarística, cantos próprios e adequados para cada parte da missa e duas colunas, uma reflete sobre o evangelho do dia e a outra sobre temas relacionados à vida da Igreja.
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