Com a solenidade de Pentecostes, que celebramos no último domingo, dia 8 de junho, encerramos o tempo Pascal e retomamos o Tempo Comum, que havia sido interrompido na quarta-feira de Cinzas para dar lugar ao ciclo da Páscoa, com o início da Quaresma.
A liturgia da Palavra do Tempo Comum que agora continuamos enfatiza a vida pública de Jesus. Ela nos aponta um caminho a seguir, a partir das palavras e ações do Salvador. Acompanhamos Cristo que passa por diversos lugares, encontra diversas pessoas, realiza muitos sinais e apresenta o Reino de Deus a todos. Quando abrimos o nosso coração para seguir Cristo neste caminho, sentimo-nos mais vivos e realizados. Este é inclusive um belo tema para meditarmos neste período: Como nos empenhamos no caminho de seguimento de Cristo? Como vivemos a liturgia e a palavra viva do Evangelho?
Os dados do Censo de 2022, recentemente publicados, mostram que houve uma redução de 8,4% no número de católicos ao longo da última década, caindo de 65,1% da população em 2010 para 56,7% em 2022. Os evangélicos aumentaram 5,2%, mas o que mais impressiona é o aumento de 1,4% dos que se consideram sem religião, chegando a 9,3% da população brasileira.
Certamente existem diversos fatores que explicam essa mudança, como a laicização do Estado, a variedade de ofertas religiosas, a falta de testemunho dos próprios católicos, os falsos valores propostos pela sociedade que chocam com os valores evangélicos e assim por diante. Mas provavelmente a verdadeira razão é algo muito mais profundo: a fé é exigente. A fé é um compromisso, é a nossa resposta a uma proposta de vida dada por Deus através da Revelação. Em Cristo essa proposta se mostra de modo perfeito e definitivo. Isso significa que ao dizermos que somos cristãos – seguidores de Cristo –, devemos assumir a mesma vida que Jesus Cristo. Nesse momento todos deveríamos declarar como São Paulo: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20) ou, ainda, “para mim o viver é Cristo” (Fl 1,21), mas cada vez mais isso parece difícil e distante.
Talvez nos falte incentivo ou a motivação necessária. Talvez nos falte descobrir o profundo valor da fé e a riqueza que ela traz à nossa vida. Falta-nos descobrir uma vivência de fé que não seja enfadonha ou mero cumprimento de uma rotina ou preceito social. Os cristãos que vivem verdadeiramente a sua fé encontram o verdadeiro significado do seu batismo e do ensinamento de Cristo. Conseguem transformar o Evangelho em prática diária. Vivem realmente o sentido do ser cristão, que no fundo é uma forma de ser, que não separa o material do espiritual, mas toma o ser humano em sua plenitude e em todas as suas dimensões.
Provavelmente você, leitor e amigo da Paulus Editora, é um destes cristãos ativos, que não tem medo nem vergonha de mostrar a sua opção de fé. Que não se deixa perturbar pelos comentários e críticas dos que ignoram a profundidade e a beleza da vida cristã. Que vive a fé que aprendeu e que a cada dia traz uma sensação de paz e realização.
Parabéns por responder à exigência da fé com convicção. Que Cristo nos ajude a ser sempre melhores cristãos, mais dignos e fiéis. E que o nosso testemunho sirva de exemplo para incentivar a todos a viverem mais intensamente a fé que tantos benefícios e alegrias nos traz.