78. Terceira Carta de João | Paulus Editora

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20/08/2025

78. Terceira Carta de João

Por Nilo Luza

Esta terceira Carta Joanina foi escrita no mesmo ambiente das duas anteriores, possivelmente em Éfeso, província da Ásia Menor, nos inícios do 2º século da era cristã. Como na segunda
Carta de João, o autor se apresenta como o Ancião. Não se sabe exatamente se esse nomerepresenta sua idade ou uma função dentro da comunidade. Esta Carta tem um caráter mais
pessoal, pois é dirigida a uma pessoa influente na comunidade, “caríssimo Gaio”, provavelmente uma liderança na sua comunidade, para que continue dando hospitalidade aos missionários itinerantes, aos quais Diótrefes impõe obstáculos.

Esta breve Carta trata do início do clericalismo e da ambição pelo poder eclesiástico. Dois aspectos que, com o tempo, vão se concretizando e se tornando perversos. O autor procura alertar o cristão para enfrentar esses elementos prejudiciais para a comunidade. O presbítero (autor) não dirige a Carta a uma comunidade determinada, mas a um cristão fiel da comunidade para fortalecer os que vivem na simplicidade nos inícios da comunidade.

A terceira Carta Joanina não faz menção às dificuldades causadas pelos hereges. Talvez isso demonstre que tenha sido escrita antes das outras duas. O mérito particular desta Carta está na informação histórica: revela que o Ancião gozava de autoridade sobre as várias comunidades, embora em que cada uma delas houvesse um responsável local. Atesta também a existência de uma comunidade joanina composta por missionários itinerantes que eram enviados pelo Ancião às comunidades vizinhas para animá-las na fé.

A Carta trata de quatro temos importantes da pregação joanina: o testemunho, a verdade, o amor e a hospitalidade. Podemos esquematizar a Carta da seguinte forma:

1. Introdução (1-2): Na introdução, o autor, conhecido como presbítero ou ancião, endereça a Carta a um colaborador ou discípulo, amado Gaio, e não propriamente à comunidade toda. Deseja ao destinatário que prossiga no bem, tenha saúde e viva de forma alegre. O autor se alegra com o testemunho dos irmãos sobre Gaio que “caminha na verdade”.

2. Corpo da Carta (5-12): a) Elogio a Gaio (5-8): Destinatário da Carta, aparece como um fiel que se destacou na comunidade, por isso, recebe do autor generosos elogios. É uma ação de graças dado por missionários itinerantes que Gaio é um membro fiel da comunidade joanina.Ele acolheu os missionários itinerantes, inclusive o autor, prestando-lhes os cuidados necessários. b) Critica Diótrefes (9-10): Ele não acolheu o ancião e outros evangelizadores e, além disso, ambiciona o poder, que fere o princípio básico das comunidades joaninas, que têm como base o amor. Suas palavras são más e suas ações um obstáculo ao evangelho. O autor lembra a Gaio e à sua comunidade o importante dever da generosa hospitalidade e os exorta a continuar ajudando os pregadores itinerantes. c) Elogio a Demétrio (11-12): A comunidade dá testemunho positivo da liderança dele, provavelmente um dos missionários itinerantes.

3. Conclusão (13-15): As últimas palavras mostram como o autor se sente envolvido com a vida da comunidade. O autor teria muitas coisas ainda para dizer, porém ele espera se encontrar pessoalmente com o destinatário, Gaio. Por fim, acrescenta o desejo cristão de paz e envia saudações aos amigos da comunidade.

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