
O seminário “Os Desafios da Política de Assistência Social no Enfrentamento às Violências contra Crianças e Adolescentes” foi realizado em São Paulo e marcou o início da parceria entre as três instituições
Nos dias 29 e 30 de outubro, a PAULUS Social, em parceria com o UNICEF e a Childhood Brasil, promoveu o Seminário Nacional “Os Desafios da Política de Assistência Social no Enfrentamento às Violências contra Crianças e Adolescentes”. Realizado na Faculdade PAULUS de Comunicação (FAPCOM), em São Paulo, o encontro marcou oficialmente o início da atuação conjunta entre as três instituições.
Com o propósito de promover o diálogo intersetorial e fortalecer estratégias de prevenção, proteção e atendimento às vítimas de violência, a programação reuniu palestras e debates sobre o papel da Assistência Social e sua articulação com demais políticas públicas — Saúde, Educação, Justiça e Segurança. O foco principal foi fortalecer a rede socioassistencial e de garantia de direitos, contribuindo para maior efetividade no combate às diversas violações que atingem crianças e adolescentes em todo o País.
Uma temática urgente
Dados do Atlas da Violência 2025, divulgados em maio pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, revelam que 13 crianças e adolescentes de até 19 anos foram vítimas de violência a cada hora em 2023.
O relatório mostra diferenças nos tipos de violência conforme a fase da vida:
A casa segue como o espaço onde mais ocorrem os casos: 67,8% das notificações envolvendo infantes, 65,9% com crianças e 48,4% com adolescentes. Nesta última fase, as vias públicas ganham destaque como cenário de risco, concentrando 28% das ocorrências.
Agentes de transformação
O diretor-geral da PAULUS, Padre Silvio Ribas, ressaltou a pertinência do debate sobre violências e os grandes desafios associados ao tema quando se trata da proteção de crianças e adolescentes.
“Realizar este seminário nos faz olhar para essas realidades e nos perguntar: o que podemos fazer enquanto políticas públicas, sociedade, trabalhadores e cidadãos em favor da vida das nossas crianças e adolescentes? Enquanto PAULUS, nos comprometemos com a formação, para que tenhamos cada vez mais pessoas capacitadas e, sobretudo, apaixonadas pela vida humana. Não nos concentramos nas dificuldades, mas buscamos sonhar e projetar o que é melhor para elas”, destacou.
Superar os desafios
A diretora-executiva da Childhood Brasil, Laís Peretti, reforçou a necessidade de ações integradas e contínuas para garantir proteção e direitos.
Ela destacou que, embora o Brasil disponha de marcos legais como a Lei nº 13.431/2017, ainda há dificuldades para a implementação da escuta especializada e da revelação espontânea.
“As crianças e adolescentes que já sofreram violências não podem esperar pela falta de alinhamento. Precisamos colocá-los no centro das políticas públicas. Seguiremos lado a lado, somando esforços por um País onde toda criança tenha o direito de ser apenas criança”, afirmou.
Construir parcerias efetivas
O chefe interino de Proteção de Crianças no UNICEF Brasil, Paulo Moraes, enfatizou a importância da mobilização social diante do cenário alarmante de violência.
Ele observou que, apesar da maior visibilidade do tema em outros períodos, a sociedade hoje demonstra menor sensibilidade ao impacto dessas violações na vida das vítimas — o que reforça a urgência de renovação de compromissos.
“A parceria com a PAULUS é estratégica porque mobiliza ações, conhecimento e sistematização de informações que serão disseminadas por todo o País. Este é o primeiro de vários momentos que estaremos juntos, potencializando a proteção da infância e da adolescência”, completou.scência no Brasil”, comentou.
Representando o Ministério do Desenvolvimento Social, Regis Spíndola, também ressaltou a relevância do evento para a formação dos profissionais que atuam no Sistema Único de Assistência Social, sobretudo os que realizam o trabalho nos centros de assistência social (CRAS e CREAS). Regis, que é o diretor de proteção da pasta, disse esperar que muitos frutos sejam colhidos desta iniciativa.
Encaminhamentos concretos
O Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (Congemas) foi representado por sua presidenta, Penélope Andrade, que destacou a importância da articulação entre diversos atores para fortalecer a rede de proteção.
“O evento amplia o conhecimento técnico e político sobre o tema e impulsiona a construção de encaminhamentos capazes de garantir proteção efetiva em todos os territórios. Parabenizamos a PAULUS por trazer essa pauta tão urgente para o centro do debate”, disse.
Uma pauta integral
Para Michael Farias, secretário municipal de Assistência Social de Vitória da Conquista (BA), o seminário representa um avanço no fortalecimento da proteção integral no Brasil.
Ele ressaltou que a articulação entre PAULUS Social, UNICEF Brasil e Childhood Brasil é estratégica para garantir o cumprimento das políticas nacionais, incluindo a Lei da Escuta Protegida, e consolidar uma proteção social qualificada às crianças, adolescentes e suas famílias.
Acolher crianças e adolescentes
A presidenta do Conselho Nacional das Defensoras e Defensores Públicos-Gerais (CONDEGE), Luziane Castro, reforçou o compromisso da Defensoria Pública com a promoção de direitos, apesar dos limites estruturais ainda existentes.
“Esperamos que este seminário, fruto de construção coletiva, traga resultados concretos. O trabalho conjunto é essencial, pois os desafios são muitos. Que possamos ser parceiros em políticas públicas que acolham verdadeiramente nossas crianças e adolescentes”, concluiu.