Luiz Alexandre Solano Rossi é pós-doutor em História Antiga pela UNICAMP e em Teologia pelo Seminário Teológico Fuller (Califórnia, EUA). Doutor em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo e mestre em Teologia pelo Instituto Superior Evangélico de Estudos Teológicos (ISEDET), de Buenos Aires. Autor de mais de cem livros publicados no Brasil e no exterior, é professor adjunto na PUCPR, no programa de mestrado e doutorado em Teologia, e também leciona no Centro Universitário Internacional (UNINTER).
Imprensa PAULUS: Luiz Alexandre Solano Rossi, como foi a descoberta pela profissão de escritor?
Luiz Alexandre Solano Rossi: Desde quando eu era criança, gostava muito de leitura. Frequentava assiduamente a biblioteca municipal e, quando adolescente, emprestava livros de literatura universal à minha irmã. Os livros lidos abriram um novo mundo e me ajudaram a criar escrevendo e a escrever criando. Depois, quando já pensava em fazer uma graduação, despertei-me para o ensino/docência e me preparei para ser um biblista/teólogo. A partir desse momento, as palavras já tomavam conta de mim e me fizeram um escritor. De fato, se pudesse dizer como foi a descoberta, diria que as palavras se tornaram como se fossem minha segunda pele. Escrever, hoje, é tão natural quanto respirar.
Imprensa PAULUS: O senhor é autor de muitos livros? Como é o processo de criação das suas obras?
Luiz Alexandre Solano Rossi: Faz mais de duas décadas que escrevo e devo muito à PAULUS Editora. São aproximadamente setenta títulos pela PAULUS e algo ao redor de 120 títulos no total, com outras editoras (alguns desses livros organizados por mim). Muitos desses títulos já foram publicados em outros idiomas (inglês, espanhol, coreano, etc.). Como nascem meus livros? Todos eles são um mix de muita pesquisa, intuição e oração. Após uma ampla pesquisa e anotações, passo um grande tempo articulando as informações em silêncio. Trata-se de um tempo precioso para organizar as informações na “cabeça”. Somente começo a escrever depois que, mentalmente, o texto esteja organizado em minha mente.
Imprensa PAULUS: O senhor possui muitos livros voltados à análise dos textos evangélicos? Como é o processo de pesquisa e de onde surgiu o desejo de escrever sobre esse tema?
Luiz Alexandre Solano Rossi: Os livros que escrevo pertencem a diferentes gêneros. A maioria deles possui relação com a interpretação dos livros das Sagradas Escrituras. Algo natural, porque minha formação acadêmica e trabalho profissional como professor são na área de Sagradas Escrituras. Todavia, o desejo de escrever e de contribuir com a formação do povo de Deus me levou a escrever também livros de espiritualidade, motivação e teologia. Os comentários a textos bíblicos são os que dão mais trabalho, porque exigem uma pesquisa mais intensa e extensa, que me leva a pesquisar tanto no idioma original quanto em outros idiomas modernos, a fim de conhecer outras possibilidades de interpretação. Pesquisa feita, é necessário um grande período de reflexão e de inspiração do Espírito Santo para que as palavras escritas sejam fonte de bênção para todos os leitores e leitoras.
Imprensa PAULUS: Pela PAULUS, são muitas obras. É possível escolher um preferido? Por quê?
Luiz Alexandre Solano Rossi: Cada livro traz uma particularidade e uma história. E não somente a minha história, mas a história dos meus leitores. Cada livro não me pertence mais, pertence à vida dos meus leitores. E sempre recebo feedback deles e me alegro. Muitos deles, principalmente aqueles que me conhecem pessoalmente ou por meio de alguma mídia, sempre dizem que, quando leem meus livros, é como se eu mesmo estivesse lendo o livro para eles. Por isso, sempre digo: não tenho preferência. Cada livro faz seu próprio caminho e fala ao coração dos leitores de diversas maneiras.
Imprensa PAULUS: Em um dos seus livros mais recentes, o senhor escreve sobre a Doutrina Social da Igreja. Neste momento histórico, com o início do pontificado de Leão XIV, como abordar a DSI em nossas comunidades paroquiais?
Luiz Alexandre Solano Rossi: Doutrina Social da Igreja: outro mundo possível é um livro especial. Trata-se de um projeto que procura apresentar para o povo de Deus um dos mais belos documentos da Igreja e que, muitas vezes, permanece desconhecido. Abordar a DSI nas comunidades é imperativo. Como? Através do ensino/aprendizagem. Nós, católicos, não podemos nos dar o luxo de desconhecer os documentos preciosos que orientam a Igreja. Formação, formação e formação são palavras de ordem. É necessário que as paróquias ofereçam sólida formação bíblica e teológica para o povo de Deus. Quem não estuda a Bíblia e a Teologia desconhece a Jesus, bem como a Igreja. Por que não pensar que a Igreja, além de lugar de adoração e de comunhão, também não seria um lugar de educação, uma escola?
Imprensa PAULUS: Qual o outro mundo possível abordado no livro Doutrina Social da Igreja?
Luiz Alexandre Solano Rossi: Um mundo em que caibam todas e todos, e que não seja mais necessário criar periferias existenciais, econômicas e sociais para segregar as pessoas. Um mundo que tenha mais pontes e menos muros; mais solidariedade e menos egoísmo; mais projetos comunitários e menos projetos pessoais; uma Igreja que aja mais como uma comunidade terapêutica e menos como uma Igreja autorreferente. A Doutrina Social da Igreja mostra, justamente, que a fé possui uma dimensão pública, isto é, uma fé relevante, transformadora, curadora e integradora. Faz com que a Igreja recorde sempre sua missão prioritária “em saída” e não presa em seus próprios interesses. Afinal, uma Igreja que não tem o que falar para a sociedade é porque já perdeu a sua relevância. Uma Igreja que caminha pelas trilhas do mundo a caminho do Reino de Deus.