O Domingo
15 de março – 4º DOMINGO DA QUARESMA

NECESSITAMOS DE LUZ

O 4º  Domingo da Quaresma é chamado de domingo da alegria (laetare). Na antífona da entrada da missa, reza-se: “Alegra-te, Jerusalém! Reuni-vos… exultai de alegria”. Qual a razão desse convite à alegria em pleno tempo quaresmal?

O Evangelho, repleto de simbolismos, traz-nos a razão. No sinal de restituir a vista a um cego de nascença, Jesus manifesta-se como luz do mundo (Jo 9,1-41). Esse sinal – o sexto entre os sete relatados no Evangelho de João – é realizado num dia de sábado e liga-se à festa das Tendas, festa da água e da luz. Todos temos necessidade dessa luz. No batismo fomos iluminados por Cristo e chamados a nos comportar como filhos da luz e a caminhar na luz.

Mas o que quer dizer caminhar na luz? Implica abandonar as falsas luzes; abandonar os discursos agressivos ou não se omitir diante deles, que provocam tantas divisões na sociedade e na Igreja, também por meio das redes sociais; abandonar atitudes movidas por interesses egoísticos, baseados em critérios autorreferenciais, que incentivam a “cultura do vencedor”; abandonar os caminhos da competição e da busca doentia do lucro acumulativo, que resulta em marginalização e descarte de pessoas. Esses discursos, atitudes e caminhos não são de luz, mas de trevas.

O prefácio próprio da missa de hoje contextualiza bem: “Pelo mistério da encarnação, Jesus conduziu à luz da fé a humanidade que caminhava nas trevas, e elevou à dignidade de filhos e filhas os nascidos na escravidão do pecado, fazendo-os renascer das águas do batismo”.

A Quaresma é tempo de iluminação para quem se dispõe a ser iluminado. Os fariseus, que pensavam enxergar bem, em sua autorreferencialidade, eram insensíveis ao sofrimento humano e guiavam-se por preconceitos, alimentando a “cultura do descartável”. O cego, ao contrário, dispõe-se a percorrer o caminho de adesão à luz que é Jesus: a princípio vê nele um homem (v. 11), depois passa a considerá-lo um profeta (v. 17) para, ao final, professar plena adesão: “Eu creio, Senhor!” (v. 38).

De quais cegueiras (como as do preconceito e do legalismo) precisamos ser curados em nosso itinerário rumo à luz da Páscoa que se aproxima?

Pe. Darci Luiz Marin, ssp


O Domingo

É um periódico que tem a missão de colaborar na animação das comunidades cristãs em seus momentos de celebração eucarística. Ele é composto pelas leituras litúrgicas de cada domingo, uma proposta de oração eucarística, cantos próprios e adequados para cada parte da missa e duas colunas, uma reflete sobre o evangelho do dia e a outra sobre temas relacionados à vida da Igreja.

Assinar