1º de janeiro – SANTA MARIA, MÃE DE DEUS | Paulus Editora

O Domingo – Palavra
1º de janeiro – SANTA MARIA, MÃE DE DEUS

PAZ INQUIETA

A Providência quis que, na conclusão da oitava de Natal, celebrássemos Maria, Mãe de Deus, para que pudéssemos compreender a humanidade de Jesus, o qual se esvaziou (cf. Fl 2,7) para nos alcançar o livre acesso a Deus.

Outro aspecto importante a ser celebrado hoje é a paz. Desde o início da humanidade, o desejo de paz é comum a todos os povos, independentemente de credo, pois, em geral, ela não é associada à dimensão transcendente da vida, mas sim à realidade prática, de ausência de conflitos. Por essa razão, a busca pela paz foi ganhando formas que, ao invés de promover a fraternidade entre os povos, com respeito às diferenças, acabavam por promover a supressão dos direitos. Para que um povo vivesse a paz e a prosperidade, outro precisava ser violentamente saqueado e forçado a viver ditaduras cruéis e trabalho escravo.

Hoje está diferente? Ao refletir sobre esse tema, deve ressoar, em nossos ouvidos e coração, o trecho da oração de dom Pedro Casaldáliga: “Dá-nos, Senhor, aquela paz inquieta, que denuncia a paz dos cemitérios e a paz dos lucros fartos. Dá-nos a paz que luta pela paz, a paz que nos sacode com a urgência do Reino”. De fato, não é possível continuar a apoiar o discurso em favor de uma paz que, em silêncio, rouba e mata os mais abandonados, para que os poderosos durmam sossegados, enquanto sua riqueza aumenta. Uma paz que é cercada por armas, violência e imposição não é paz e não vem de Deus.

Jesus nasce em um contexto de dominação, de revoltas e de expectativa de um messias que libertasse Israel da dominação romana. No entanto, ele se revela aos excluídos, mostrando, assim, que a libertação começa pela consciência, e não pela força das armas e dos exércitos. A consciência que Jesus quer formar, na verdade, envolve a recuperação de algo perdido por causa da dureza dos corações. Ele, com seu rebaixamento (cf. Fl 2,9), fez-se homem a fim de que nós nos façamos plenamente humanos e atinjamos a semelhança com Deus.

Celebramos Maria, Mãe de Deus, e o dia mundial da paz como conclusão de um período de oito dias, vividos com intensidade e solenidade na vida da Igreja. Olhando para nossa Mãe, compreendemos que Deus nos ama a tal ponto, que se encarna e se faz um de nós, para que nos tornemos promotores do encontro e da fraternidade, destruindo de uma vez por todas os laços da falsa paz, que impede o acesso a Deus.

Que Maria, Mãe e Mestra, nos inspire sempre ações que, iluminadas pelo Evangelho, construam relações sinalizadoras da continuidade da ação de Deus em nosso meio. A paz não seja nunca, em nossa vida, a mera ausência de conflitos ou a calmaria das praias, mas fraternidade e promoção da dignidade humana.

Cl. Bruno Rosa, ssp


O Domingo – Palavra

O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.

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