O SERVO SOFREDOR MISERICORDIOSO
Celebrando hoje a realeza de Jesus, nós o fazemos recordando que, no plano terreno, Jesus não foi nenhum rei. Ele foi condenado e morto pelos poderosos de seu tempo, por simplesmente ter mostrado o rosto misericordioso de Deus, por ter incomodado as autoridades religiosas e políticas da época. Seu trono é a cruz, onde ele dá a vida definitivamente. E, se quisermos ver nele uma coroa, não é de ouro, mas de espinhos. Os lugares de honra à direita e à esquerda são ocupados por outros dois condenados como malfeitores. Um deles repete os insultos dos crucificadores. O outro, ao invés, recebe de Jesus a promessa do paraíso, como resposta ao seu ato de fé.
O Evangelho segundo Lucas mostra Jesus como aquele que vem para anunciar e realizar a misericórdia de Deus. É por isso que Jesus se solidarizou sobretudo com os mais pobres e vulneráveis, as mulheres, os doentes e os excluídos. E toda imagem de glória e poder projetada sobre Jesus corre o risco de apagar a história concreta de sua vida como Servo sofredor, que sentiu a dor dos mais fracos. A cruz de Jesus, de fato, é a maior revelação do amor de Deus por todos – também por quem não compreende que só o amor pode gerar vida.
O pedido do condenado a Jesus certamente ecoa hoje em nosso coração: “Jesus, lembra-te de mim”. Sabemos que Deus tem seus meios para alcançar a todos, a cada um de nós. Seu Filho viveu na própria carne o sofrimento humano extremo, foi vítima da maldade dos poderosos e, mesmo assim, continuou sendo servo misericordioso, fazendo apenas o bem. O Reinado de Jesus é o Reinado de seu Pai, e este Reinado acontece quando superamos a lógica dos reinos deste mundo, movida a guerra, violência e vingança.
Seguidores do Servo Sofredor Misericordioso, certos de que Deus nunca nos abandona, podemos continuar empenhados no seu mesmo caminho de misericórdia, construindo um mundo mais solidário e compassivo.
Pe. Paulo Bazaglia, ssp

O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
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