O Domingo – Palavra
3 de agosto – 18º DOMINGO DO TEMPO COMUM

ALEGRIA DA PARTILHA

Repartir herança é tarefa espinho­sa. Por mais que a divisão dos bens seja igualitária, quase sempre um dos herdeiros se sente injustiçado. Sábio é Jesus, que não aceitou entrar nessa questão. Ao contrário, aproveitou a oportunidade para nos iluminar, uma vez mais, sobre a ilusão do acúmulo de riquezas.

Há pessoas cuja principal preocu­pação é multiplicar o próprio patri­mônio. Com o objetivo de aumentar seus lucros, chegam até a guardar suas altas somas de dinheiro em “paraísos fiscais”. Jesus não hesita em afirmar que pessoas com essas atitudes não têm juízo. Quer dizer que elas perdem a noção do que significa nossa bre­ve trajetória por este mundo. De fa­to, a vida não consiste em amontoar grandes fortunas em benefício pró­prio. Por vezes, excessivamente ocupa­da em armazenar haveres perecíveis, a pessoa não desfruta o que possui nem experimenta a alegria que brota da partilha: “Há mais alegria em dar do que em receber” (At 20,35). É oportu­no relembrar outra grave advertência do Mestre: “Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro” (Mt 6,24). Pois bem, ter dinheiro, ainda que pouco, é indispensável para viver dignamente. O que Jesus censura, usando imagens da vida real, é a corrida, sem freio nem escrúpulos, para juntar riqueza sobre riquezas. Não raro cometendo injusti­ças, explorando os mais fracos.

Jesus, que “não tem onde reclinar a cabeça” (Mt 8,20), indica-nos o ca­minho da vida com dignidade, do de­sapego deste mundo e da confiança no Pai celeste: “Observem as aves do céu, que não semeiam nem colhem, nem ajuntam em celeiros, e o Pai de vocês que está nos céus as alimenta” (Mt 6,26). Com firmeza, Jesus nos aler­ta para o perigo da avareza: “Cuidado! Ainda que alguém seja muito rico, sua vida não é garantida pelos seus bens” (Lc 12,15).

Cumpridores das orientações de Jesus, os discípulos do Reino não se julgam autossuficientes. Não fazem de suas posses a essência de sua vida. Sabem que as coisas do mundo estão a nosso serviço e nos dão condições de levar uma vida digna. Não se apegam a objetos transitórios, mas deles se ser­vem com equilíbrio e despojamento. E, naturalmente, vivem cheios de gra­tidão a Deus pelos bens da criação.

Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp


O Domingo – Palavra

O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.

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