Sofrer com Cristo
Nossa Senhora de Lourdes, comemorada no dia 11 deste mês – dia do enfermo –, aponta-nos o sentido que seu divino Filho deu ao sofrimento humano. Jesus faz a dor sair da sua desesperada inutilidade para se tornar, unida à sua, fonte positiva de bem.
Nesta época, será muito importante aprofundar a necessidade de uma pastoral da saúde ou dos enfermos em todas as comunidades, que retratem esse carinho da Igreja pelos seus filhos e filhas que sofrem.
De fato, quem sofre padece com Cristo, une-se à ação redentora de Cristo, segundo a célebre e luminosa teologia de são Paulo: “Agora, regozijo-me nos meus sofrimentos por vós e completo o que falta às tribulações de Cristo em minha carne pelo seu Corpo, que é a Igreja” (Cl 1,24).
Olhar a Igreja como o Corpo Místico de Cristo ilumina o cristão, ajudando-o a compreender a posição que ocupa neste Corpo eclesial. Cada cristão é um vivente inserido, pelo batismo, nesta comunhão sobrenatural, na qual ninguém é confundido, esquecido, inútil. Cada um é membro, isto é, tem uma função, uma vocação própria, articulada e harmonizada com todos os outros membros deste Corpo de Cristo. Todos recebem idêntica vida da comunhão com a cabeça da Igreja: Cristo, o qual efunde o Espírito vivificador em todos.
Esta verdade deve ser consoladora para quem sofre. Ninguém sofre só. Ninguém sofre inutilmente. Antes, quem sofre pode ter maior participação na comunhão com Cristo. No sofredor, recorda o Concílio (LG 8), espelha-se de maneira mais fiel e mais íntima a imagem de Cristo, pois o próprio Cristo quis identificar-se com seus irmãos mais sofredores: “Tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim. (…) todas as vezes que fizestes isso a um destes meus irmãos, foi a mim mesmo que o fizestes” (Mt 25,35.40).
D. Orani João Tempesta, O.Cist., Cardeal Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro

O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
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