Dos meios às participações | Paulus Editora

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Comunicação

27/09/2013

Dos meios às participações

Por Jakson F. de Alencar

Vivemos há alguns anos uma guinada da comunicação para a digitalização e para a Internet, a qual vem se aprofundando continuamente no presente. O fortalecimento da cultura de rede, da interatividade e da participação tem suscitado profundas transformações no campo comunicacional, na cultura como um todo, no funcionamento das empresas e instituições e nas formas de relacionamento. A comunicação vai ficando cada vez menos de massa. Antes tínhamos a comunicação de poucos para muitos e, agora, de muitos para muitos. A audiência fica mais distribuída em diversos canais, pontos de interesse, comunidades e redes sociodigitais. Abrem-se cada vez mais possibilidades de interatividade e de adequação dos produtos midiáticos à disponibilidade das pessoas, que tendem a não mais obedecer aos horários em que era costume postar-se à frente da TV ou reunir-se para assistir a determinados programas tradicionais do horário nobre. As pessoas estão trocando os meios de massa tradicionais pela Internet, pela TV a cabo, por outras formas de comunicação, algo que tende a aumentar com a criação de mais canais, possibilitados pela implantação do sistema digital de televisão.
Outro traço bastante significativo é o aumento da quantidade e variedade de informação via Internet e meios digitais: a cada dia surgem novos sites, blogues, comunidades e perfis em redes sociais, com troca de informação de todo tipo, que contam com a participação ampla de pessoas que antes eram apenas espectadoras. Constrói-se informação de maneira mais rica e rápida que nos meios tradicionais, que agora têm declinante poder de filtrar o que é noticiado e decidir sobre quem pode ou não se expressar.
Com essas transformações, fica cada vez mais claro que comunicação não é somente questão de transmissão de informação e uso de tecnologias, mas também de interação. As teorias da comunicação que a compreendiam como simples transmissão de conteúdo de um agente para outro foram sempre muito criticadas. Hoje é ponto pacífico entre os estudiosos o fato de que elas não dão conta de explicar a totalidade dos processos de comunicação, embora continuem contribuindo para compreender a comunicação e sua evolução. Em contraponto a tais teorias, surgiram outras que foram mostrando que o conteúdo pode não chegar ao receptor exatamente da maneira planejada; que este não é meramente passivo, mas aceita, rejeita, acrescenta, questiona, interage e influi na constituição da mensagem. Dessa forma, comunicar não significa apenas transmitir conteúdos, mas interagir, ser capaz de criar empatia, dialogar, gerar consensos.

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