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Religião e Comunicação

10/09/2025

A cruz de Cristo e a nossa cruz!

Por Darlei Zanon

No dia 14 de setembro a Igreja celebra a Exaltação da Santa Cruz, festa celebrada em Jerusalém desde o século V e que logo se tornou universal. Uma festa, portanto, de grande tradição, cujo objetivo é glorificar a cruz de Cristo e levar-nos a meditar sobre o profundo significado da entrega de Cristo.

Esta festa recorda-nos que a cruz não é sinal de morte, mas de vida, como enfatiza a primeira leitura deste dia, tirada do livro dos Números. Não é sinal de derrota, mas de vitória, de salvação, de doação, como afirma Paulo na segunda leitura. Não é sinal de dor e de sofrimento, mas revelação do amor de Deus. Esta é a grande maravilha da história da salvação. O sacrifício de Cristo para nossa salvação teve a cruz como altar. A cruz foi a última morada do Cristo terreno, mas a ressurreição transformou o seu significado. De instrumento temido, símbolo da dor, tornou-se trono da glória. De sinal de sofrimento passou a ser símbolo da salvação e da ressurreição. Daí a razão de os cristãos ao longo da história terem sempre manifestado grande devoção à cruz e quererem-na sempre próxima.

Em todos os tempos e lugares, os cristãos carregaram consigo a cruz, como elemento de proteção e símbolo da fé. Nas casas, escritórios e diversos outros ambientes também é comum ver a cruz, pois ela demonstra que ali é um lugar abençoado, onde Cristo está presente. Ela recorda-nos constantemente todo o mistério pascal de Cristo e convida-nos a viver mais intensamente o seu apelo ao amor.

Paulo, na carta aos filipenses, apresenta um belo hino que exalta a humildade de Cristo e recorda o verdadeiro sentido da cruz. Apesar de sua condição divina, Cristo humilhou-se e morreu na cruz para santificar e redimir a humanidade. Cristo humilhou-se para ser exaltado. Tudo faz parte do plano salvífico de Deus, como nos diz o evangelho de João. Deus enviou o seu Filho ao mundo para que todos que nele crerem sejam salvos. Todos os que seguirem os seus ensinamentos e demonstrarem fé farão parte do Reino. Todos os que assumirem a proposta de Cristo terão a vida eterna, partilharão com ele da ressurreição.

Jesus não veio ao mundo para condenar o mundo, mas para nos salvar. Na cruz compreendemos isso e por ela somos convidados a viver como Cristo viveu, somos convidados a defender os ensinamentos que ele deixou. A pergunta mais inquietante, no entanto, é: por que tinha que ser assim? Por que tanto sofrimento? Em todos os tempos os cristãos tiveram esse mesmo questionamento.

Esta foi a forma que Deus escolheu para nos redimir. Talvez porque queira mostrar que o sofrimento faz parte da vida, que a dor nos conduz à superação. Ou para nos alertar sobre todas as cruzes que encontramos no mundo. Certa vez Jesus disse: “quem quer me seguir, pegue a sua cruz e siga-me”. Inúmeras são as nossas cruzes, nossos fardos. Todos os problemas da vida, as dores, as necessidades, as incoerências, as tristezas, os dramas… tudo são cruzes que temos que vencer.

Na sociedade também encontramos muitas cruzes que devem ser vencidas: a fome, o abandono, a indiferença, a dor, a guerra, a violência, a injustiça, o desrespeito às pessoas, aos valores, aos direitos. Cristo está presente em todas essas realidades, em todas elas acontece a sua paixão e morte. Mas Cristo redime a todos, ele dá sempre vida nova. Se nos importamos com a cruz de Cristo, devemos nos importar com estas realidades também. Se lamentamos a injustiça com Cristo, devemos lamentar e combater também a injustiça da sociedade. Pois o rosto de Cristo se revela no rosto de cada um destes necessitados. A todas estas realidades de dor, devemos levar a vida nova do Cristo ressuscitado que venceu a cruz e nos redimiu.

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