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Bíblia Sagrada - Edição Pastoral
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II. DEUS ESTÁ CONOSCO

A vocação de Isaías -* 1 No ano que morreu o rei Ozias, eu vi o Senhor sentado num trono alto e elevado. A barra do seu manto enchia o Templo. 2 De , acima dele, estavam serafins, cada um com seis asas: com duas cobriam o rosto, com duas cobriam os pés, e com duas voavam. 3 Eles clamavam uns para os outros: «Santo, Santo, Santo é Javé dos exércitos, a sua glória enche toda a terra». 4 Com o barulho das aclamações, os batentes das portas tremeram e o Templo se encheu de fumaça. 5 Então eu disse: «Ai de mim, estou perdido! Sou homem de lábios impuros e vivo no meio de um povo de lábios impuros, e meus olhos viram o Rei, Javé dos exércitos».

6 Nesse momento, um dos serafins voou até onde eu estava, trazendo na mão uma brasa que havia tirado do altar com uma tenaz. 7 Com a brasa tocou-me os lábios, e disse: «Veja, isto aqui tocou seus lábios: sua culpa foi removida, seu pecado foi perdoado».

8 Ouvi, então, a voz do Senhor que dizia: «Quem é que vou enviar? Quem irá de nossa parte?» Eu respondi: «Aqui estou. Envia-me!» 9 Ele me disse: «, e diga a esse povo: Escutem com os ouvidos, mas não entendam; olhem com os olhos, mas não compreendam! 10 Torne insensível o coração desse povo, ensurdeça os seus ouvidos, cegue seus olhos, para que ele não veja com os olhos nem ouça com os ouvidos, nem compreenda com o seu coração, nem se converta, de modo que eu não o perdoe». 11 E eu perguntei: «Até quando, Senhor?» Ele respondeu: «Até que as cidades desmoronem, despovoadas; até que as casas fiquem desabitadas e os campos devastados e desolados. 12 Porque Javé expulsará os homens e o abandono crescerá no país. 13 E se nele sobrar apenas uma décima parte, tornará a ser cortado como o carvalho e o terebinto: depois de cortados, resta apenas um toco; esse toco será uma semente santa».




* 6-12: Estes capítulos formam o conjunto que se costuma denominar «Livro do Emanuel». A maioria dos oráculos pertence ao segundo período da atividade de Isaías (cf. Introdução ao Primeiro Isaías). O rei Acaz teme pela segurança do reino de Judá e julga que a salvação está em fazer alianças estratégicas com este ou aquele país. Isaías opõe-se à política de Acaz, salientando que a segurança de Judá é a presença de Javé, o qual não trairá a promessa feita a Davi (cf. 2Sm 7), desde que o povo seja fiel à Aliança. Nesse tempo de incerteza, brilha a promessa do Emanuel, o Deus-conosco, confirmando a presença de Javé como proteção para o seu povo.



* 6,1-13: O relato da vocação de Isaías mostra que o âmago de toda e qualquer vocação profética está no experimentar a transcendência e a santidade de Javé. Só a partir dessa experiência é que alguém pode reconhecer a própria relatividade («Estou perdido») e desvendar as ideologias que se tornaram absolutas. Assim, a segurança com que o profeta se sente porta-voz de Deus provém do reconhecimento de que Javé é o único Absoluto: então ele fica sabendo com certeza que é falso e mentiroso qualquer sistema, instituição ou ideologia que se apresentem como absolutos. Dessa maneira, a crítica e o julgamento que o profeta lança são investidos da autoridade divina.






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