15 de dezembro – 3° Domingo do Advento | Paulus Editora

O Domingo – Palavra
15 de dezembro – 3° Domingo do Advento

“DEVEMOS ESPERAR OUTRO?”

“És tu aquele que há de vir ou devemos esperar outro?” O eco desta pergunta de João Batista feita a Jesus, por intermédio de alguns de seus discípulos, nunca se apagou, mesmo tendo passado mais de dois mil anos. Ainda é corrente na humanidade a ânsia de messias e redentores, a pretensão de obter a libertação por meios exclusivamente humanos, a busca de sólida e definitiva segurança em certa ideia de bem-estar e no consumismo desenfreado e a supervalorização da tecnologia como solução para todos os problemas modernos.

Nossa fé, ao contrário, vê em Jesus o Filho de Deus e o único salvador do homem e da mulher e de toda a história humana, a qual se converte assim em história da salvação.

Por causa da dimensão social da fé que professa, o cristão não pode ficar alheio aos problemas do mundo nem se conformar como as situações de injustiça vividas por grande parte dos homens e mulheres da sociedade; tampouco se resignar ao fatalismo ou se refugiar num pseudoespiritualismo tranquilizante. Ele é continuamente instado a captar os sinais dos tempos, principalmente os sinais de libertação que acompanham a edificação do reino de Deus na terra.

Por isso, diz-nos o Vaticano II,“afastam-se da verdade os que, sabendo que não temos aqui na terra uma cidade permanente, mas que vamos em demanda da futura, pensam que podem por isso descuidar de seus deveres terrenos, sem atenderem a que a própria fé ainda os obriga mais a cumpri-los, segundo a vocação própria de cada um” (GS 43,1).

A dinâmica de mudança comportamental e de mentalidade que orienta a vida cristã em todos os momentos, também neste tempo do Advento, é conversão tanto de cunho pessoal como social; é conversão a Deus, aos irmãos e irmãs, tendo em vista a construção da sociedade justa e fraterna.

Nós, cristãos, sabemos que a alienação máxima do ser humano e da sociedade não vem de Deus nem de seu projeto, mas do pecado do egoísmo e da idolatria do dinheiro e do poder presentes no mundo, que acabam fechando os corações ao amor, à fraternidade e à justiça.

Com certeza, a mesma resposta que Jesus deu a João Batista no evangelho de hoje é válida também para nós. Em sua resposta, o anúncio da boa-nova aos mais necessitados aparece ligado a sinais de cura, tal como já havia ocorrido na sinagoga de Nazaré (cf. Lc 4,16s). Ao ressaltar a íntima união entre a palavra que anuncia a boa-nova e os sinais que concretizam a mensagem anunciada, Jesus deixa-nos claro que é impossível se dizer cristão e permanecer alheio a um sistema que escraviza irmãos e irmãs.

Jorge Alves Luiz


O Domingo – Palavra

O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.

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