ESPERAR AGINDO
Nosso Deus é amor e misericórdia. Ao longo da história, ele fez aliança com seu povo, pois espera que cada pessoa acolha ativamente o dom da salvação. Esta se dá por meio de um belíssimo encontro de fidelidade, estabelecido pela aliança de Deus com o povo e a resposta generosa de cada fiel. Existe uma única condição para alcançar a promessa: ser perseverante. É necessário reconhecer que às vezes isso é difícil, dado que a espera precisa ser confiante e muitos são os desafios da vida cotidiana e comunitária, sem falar da tentação de esperar a vinda gloriosa do Senhor exclusivamente com os olhos voltados para o céu e de mãos postas.
Ao falar de esperança, não raro pensamos: “Nada pode ser feito, agora é só com Deus”. Trata-se de pensamento muito presente entre nós, sobretudo em casos de doenças graves. Contudo, no dia a dia da vida, não podemos agir como pessoas desesperadas, como se não tivéssemos um mandato e um Pai; antes, cabe nos deixarmos mover pela esperança, que, quando autêntica, é plena de força, coragem e movimento, dando-nos o conforto de que com Deus tudo podemos e, no dia final, iremos nele repousar.
Às vezes me vem a sensação de que muitos de nós, cristãos, estamos como a comunidade dos tessalonicenses, esperando a vinda do Senhor “ocupados em não fazer nada”, apenas olhando para o céu e de mãos postas. A questão é que, juntamente com a promessa, há um mandato: “Ide a todos os povos”. É grave alimentar uma fé sem dinamismo, achar que basta cumprir preceitos e defender a tradição estática dos símbolos. Isso tem a ver mais com sentimentalismo e egoísmo. O seguimento de Jesus é envolvente, pleno de vida, e nasce do desconforto, da denúncia profética e do propósito de transformação. Eis a orientação de São Paulo à sua comunidade: “Não se pode comer sem trabalhar”. Não devem tomar parte na ceia do Senhor aqueles que não trabalham na construção do Reino.
É um tanto exigente ser perseverante, esperar e confiar. É preciso cultivar uma vida sincera e ativa de oração pessoal, mas também comunitária. Seria bom que a comunidade vivesse da liturgia, como fonte e cume da vida cristã; que a prática dos sacramentos escancarasse nosso coração e abrisse nossa mente, mudando nossa maneira de pensar.
Podemos esperar o Senhor como quem prepara cuidadosamente a casa para uma visita ou como alguém que se senta na varanda, sem se importar com nada, e só vai arrumar as coisas e arranjar algo para oferecer quando (se) a visita chegar. A escolha é nossa.
Que a expectativa do que nos aguarda alargue nosso coração e nos faça “contemplativos na ação”.
Cl. Bruno Rosa, ssp
O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
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