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Bíblia Sagrada - Edição Pastoral
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V. JUSTIÇA E SOLIDARIEDADE

1 Nesse tempo, quando ainda não havia rei em Israel, um levita morava no fundo da região montanhosa de Efraim e tinha uma concubina, originária de Belém de Judá. 2 A concubina foi infiel para com ele e o deixou, voltando para a casa de seu pai em Belém de Judá, aí permanecendo durante quatro meses. 3 O homem foi procurar a mulher para agradá-la e a trazer de volta. Levou consigo um servo e dois jumentos. Quando estava chegando, o pai da moça o viu e saiu todo contente para recebê-lo. 4 Seu sogro, o pai da moça, o hospedou. E ele aí ficou três dias, comendo, bebendo e dormindo. 5 No quarto dia, quando se levantaram de manhã, o levita preparou-se para partir. Então o pai da moça disse ao genro: «Primeiro se alimente, coma um pedaço de pão e depois vocês partirão». 6 Sentaram-se, comeram e beberam juntos. O pai da moça disse ao genro: «Por favor, eu lhe peço: fique mais esta noite e alegre o seu coração». 7 Como o levita se preparava para partir, o sogro insistiu; e então ele pernoitou. 8 No quinto dia, o genro levantou-se de manhã para ir embora. Então o pai da moça disse: «Primeiro se alimente». Ficaram assim até quase o fim do dia e comeram juntos. 9 Quando o levita se levantou para partir com sua concubina e seu servo, o sogro, pai da moça, lhe disse: « está ficando tarde. Passe aqui a noite e alegre o seu coração. Amanhã você madrugará e partirá para casa». 10 Mas o levita não quis passar a noite. Partiu e chegou até perto de Jebus, isto é, Jerusalém. Levava consigo dois jumentos carregados, a mulher e o servo.

11 Quando chegaram perto de Jebus, havia entardecido, e o servo disse ao patrão: «Podemos desviar para essa cidade dos jebuseus e dormir aí». 12 O patrão replicou: «Não vamos sair do nosso caminho para ficar numa cidade de estrangeiros, de gente que não é israelita. Vamos continuar até Gabaá». 13 E acrescentou: «Vamos chegar até um desses lugares, Gabaá ou Ramá, e aí passaremos a noite». 14 Foram então mais longe e, ao pôr-do-sol, estavam perto de Gabaá de Benjamim. 15 E entraram aí para passar a noite. O levita entrou e sentou-se na praça da cidade, mas ninguém o convidou para passar a noite em casa.

16 Pela tarde, chegou um velho que voltava do trabalho no campo. Ele era de Efraim; e, portanto, também ele vivia como imigrante em Gabaá, enquanto os do lugar eram benjaminitas. 17 O velho ergueu os olhos, viu o viajante na praça da cidade, e lhe perguntou: «De onde você vem e para onde vai18 O outro respondeu: «Estamos viajando de Belém de Judá para a região montanhosa de Efraim. Eu sou de lá. Fui a Belém de Judá e estou voltando para casa, mas ninguém me ofereceu hospedagem. 19 Entretanto, temos palha e forragem para nossos animais, e eu também tenho pão e vinho para mim, para minha mulher e para o servo que nos acompanha. Não precisamos de nada». 20 O velho disse: «Seja bem-vindo. Deixe-me ajudá-lo no que você precisar. Não passe a noite na praça». 21 Então o velho fez o levita entrar em sua casa e deu forragem aos jumentos. Os viajantes lavaram os pés e depois comeram e beberam.

22 Estavam se reconfortando, quando apareceram uns desocupados da cidade que rodearam a casa e, batendo na porta, diziam para o velho, dono da casa: «Mande sair o homem que entrou na sua casa. Queremos aproveitar dele». 23 O dono da casa saiu e pediu: «Por favor, irmãos, não cometam esse crime. Ele é meu hóspede, não façam essa infâmia. 24 Vejam, tenho uma filha solteira: vou trazê-la a vocês para que façam o que quiserem. Não façam, porém, uma infâmia contra esse homem». 25 Mas eles não deram ouvidos. Então o levita pegou sua concubina e a levou para fora. Eles a violentaram, abusaram dela a noite toda, até de madrugada, e a deixaram ao amanhecer.

26 De madrugada, a mulher voltou e caiu diante da porta da casa onde seu marido se havia hospedado. E aí ficou até o amanhecer. 27 De manhã, o marido se levantou, abriu a porta da casa e estava saindo para continuar a viagem, quando encontrou a mulher caída na porta com as mãos sobre a soleira. 28 E lhe disse: «Levante-se e vamos embora». Mas ela não respondeu. Então o levita a colocou sobre o seu jumento e se pôs a caminho. 29 Quando chegou em casa, pegou uma faca, tomou o cadáver da sua mulher, cortou-o em doze pedaços e os mandou para todo o território de Israel. 30 Todos os que viram isso, comentavam: «Nunca aconteceu, nem se viu coisa igual, desde o dia em que os israelitas saíram do Egito até hoje. Reflitam sobre o assunto e tomem uma decisão».




* 19-21: Essas narrativas mostram alguns princípios básicos para se preservar um mínimo de relacionamento e unidade entre as tribos. Destaca-se como dever sagrado a hospitalidade: o retardamento da narrativa (19,1-9) é justamente para salientar esse aspecto. Os habitantes de Gabaá e os benjaminitas violam esse dever (19,10-30). O cap. 20 mostra como as tribos reagiam com rigor contra aqueles que violavam essa hospitalidade, talvez o único gesto de solidariedade capaz de manter a sobrevivência num território ainda cheio de inimigos.

O cap. 21 mostra como era necessário preservar a existência de todas as tribos e evitar a todo custo o extermínio de uma delas: nessas circunstâncias, o rigorismo cede lugar à piedade e à compreensão.






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