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Bíblia Sagrada - Edição Pastoral
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Como entender isso? -* 1 Estou cansado da minha vida! Vou entregar-me às queixas, falando com toda a amargura do meu coração. 2 Vou pedir a Deus: ‘Não me condenes! Conta-me o que tens contra mim’. 3 Será que te divertes em me oprimir, desprezando a obra de tuas mãos para favorecer os projetos dos injustos? 4 Por acaso tens olhos de carne, e vês apenas como o homem ? 5 Por acaso teus dias são como os dias de um mortal, e teus anos como os anos de um ser humano, 6 para sondares a minha culpa e investigares o meu pecado, 7 mesmo sabendo que não sou culpado, e que ninguém me pode livrar da tua mão?

Será que Deus é sádico? -* 8 Tuas mãos me formaram e modelaram o meu ser inteiro. E agora tu te voltas contra mim, para me aniquilar? 9 Lembra-te! Tu me fizeste do barro. Queres agora fazer-me voltar ao ? 10 Não me derramaste como leite e me coalhaste como queijo? 11 Tu me revestiste de pele e carne, e me teceste de ossos e nervos. 12 Tu me concedeste vida e favor, e tua providência conservou a minha respiração. 13 Contudo, alguma coisa tu guardavas escondida. Agora eu sei que tinhas esta intenção: 14 Se eu pecasse, tu me surpreenderias em flagrante, e não deixarias a minha culpa sem castigo. 15 Se eu fosse culpado, ai de mim! Se eu fosse inocente, não poderia levantar a cabeça, pois estou cheio de vergonha e embriagado de miséria. 16 Se levanto a cabeça, tu me caças, altivo como leão, e multiplicas tuas proezas contra mim. 17 Tu repetes teus assaltos contra mim, contra mim redobras tua ira, e contra mim lanças tropas descansadas.

Deixa-me, e eu viverei um pouco -* 18 Por que me tiraste do ventre materno? Eu poderia ter morrido, e ninguém me teria visto. 19 Eu seria como alguém que nunca existiu, levado do ventre para o túmulo. 20 Como são poucos os dias da minha vida! Deixa-me, para que eu possa respirar um pouco, 21 antes que eu me para nunca mais voltar, para o país da treva e da sombra da morte, 22 para o país onde a aurora é noite negra, onde a sombra da morte cobre a confusão, e onde a claridade é escuridão».




* 10,1-7: Deus é justo e Jó é inocente. Apesar disso, Deus o trata como culpado. Dessa forma, Jó mostra os limites do dogma da retribuição e salienta a necessidade de dar um passo adiante dessa teologia vigente, para sondar o mistério de Deus.



* 8-17: Como combinar o amor do Deus justo, que cria e conserva sua criatura, com o tratamento que ele agora está usando com Jó? Ao invés de amor, Jó experimenta, de todos os modos, um Deus que está contra ele.



* 10,18-22: Perseguido por Deus, Jó se sente encurralado entre o extremo sofrimento e a morte. A vida é curta, e o único desejo dele é que Deus o abandone, para que ele possa respirar, isto é, viver um pouco. O que ele mais deseja é ser abandonado pela Providência, que o preserva só para sofrer.






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