Vou te bloquear! | Paulus Editora

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Tecnologia e Pastoral

05/10/2021

Vou te bloquear!

Por Ednoel Amorim

O ser humano é sempre muito interessante. A cada época inventa uma coisa. As novas tecnologias, por exemplo, têm roubado a cena nos últimos tempos, principalmente quando falamos de memória. Como é perceptível, praticamente toda a nossa vida esta transferida para as mídias digitais sociais e para os smartphones, inclusive nossa memória. Basta dar atenção ao fato de que poucas pessoas hoje tem a capacidade de guardar números de telefone e outras informações. O processo ficou simples, consultamos o Google ou olhamos nossos arquivos, agenda, drive… está tudo na palma da mão. Se o que aparece no Instagram, no Facebook, no Twitter etc. é verdade, aí isso já é outra conversa, mas o fato é que tudo está ali à disposição e com rapidez. Não existe mais a necessidade de estarmos exercitando a “cachola” para acessarmos essas informações.

Das muitas novidades, a moda da vez é o cancelamento, o “vou te bloquear da minha vida”, em geral sem aviso prévio. Quando alguém faz algo que não é do meu agrado ou de fato digna de reprovação, então decide-se por excluir determinada pessoa do convício e neste caso se trata daquele nível de convivência que é mantido nas assim chamadas “redes sociais”. Sabemos que nada existe sem causa, por isso é preciso nos perguntarmos qual a motivação para tal ato. Será justo? Será que é o melhor a fazer ou a única opção?

Justificativas, posicionamentos e reflexões devem existir aos montes, mas algo deve ser concorde para todos, aquilo que estamos fazendo nas mídias e novas tecnologias com nossa memória, história e momentos vários não podem ser regra para tudo o que fazemos. Não podemos transferir nossos costumes virtuais para o modo como nos relacionamos com nossos familiares, amigos e contatos do dia a dia. Quantas mensagens sem resposta! Quantos e-mails ignorados! Quantas postagens ridicularizadas! Quantas reações irrefletidas e desconexas! Minimamente alarmante.

Nessa atitude de bloquear ou cancelar alguém pode ser que tal ato represente um remédio para nós. De qualquer forma, para alguém distante de nós pode ser que essa pessoa simplesmente perca seguidores, mas para aqueles que estão próximos a nós as consequências certamente serão piores e mais danosas. Em todo caso e quando possível o melhor remédio sempre será o diálogo e a misericórdia. Cuidemos para que a tela do celular ao mesmo tempo que nos abre para uma infinidade de realidades não seja a mesma que nos esconde de nós mesmos, na ingênua ilusão de que não precisamos uns dos outros podendo ficarmos tranquilos para seguir e desseguir, adicionar e cancelar/bloquear.

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