Nossos parâmetros ainda têm lógica? | Paulus Editora

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05/02/2022

Nossos parâmetros ainda têm lógica?

Por Ednoel Amorim

O ano mal começou e já estamos imersos em uma nova onda de incertezas acerca da vida, do futuro, de Deus e do próprio mundo que habitamos. As dúvidas que se apresentam a nós nos dias atuais certamente são maiores que as de tempos anteriores. O questionamento sobre a existência de Deus renova-se a cada novo desastre. A cada nova notícia ruim parece que se escuta o eco daquele questionamento dos discípulos de Jesus: “Mestre, não te importas que morramos?” (cf. Mc 4,38).

Será que Deus não se importa mais com a humanidade ou será que simplesmente não existe um Deus ou algo semelhante ao qual devamos reverenciar e recorrer quando temos necessidades? É perceptível que as pessoas estão em busca de uma espiritualidade que estranhamente nem sempre está ligada a religiões, outros desejam renovar sua fé, mas se deparam com dúvidas, angústia e fraquezas. São muitas as tentativas de responder aos nossos inúmeros porquês, por isso recorri à lógica de programação para tomar emprestado um conceito interessante e útil. Por mais que não seja do seu conhecimento o que venha a ser um código de programação, creio que entenderá a proposta, pois mesmo que o processo seja complexo o princípio é simples.

Quando criamos um aparelho, um aplicativo, um programa de computador ou algo semelhante em nosso tempo, ele sempre exige um código, por mínimo que seja, que sirva para sustentar a programação e permitir que tudo funcione bem. Seja como for, independente da complexidade daquilo que estamos criando, sempre será exigido dentro do código um parâmetro, algo comum, para que seja possível seu funcionamento. Pois, de nada adianta que se crie algo fantástico, mas que sirva unicamente para mim.

Aqui está o ponto “x” da questão. Parece que estamos rodeados de parâmetros válidos, eficazes, porém servem apenas para nós mesmos e para nossas “bolhas”, não afetam aos demais, não servem para as pessoas enquanto comunidade humana. Basta olharmos a natureza e vermos que ela própria está afetada negativamente em seus parâmetros por interferências de lógicas que não fazem parte da sua essência e unicamente a danificam e a desequilibram. Seja a natureza, a sociedade, nossas posturas políticas etc., necessitamos de parâmetros válidos a todos, o que significa que devem ser respeitados por todos. Não é possível que continuemos a criar parâmetros particulares ou grupais.

O que faremos? Continuaremos a questionar o valor e o poder de Deus, responsabilizando-o diante das catástrofes, acidentes e doenças ou começaremos a questionar a interferência humana em tudo isso, a refletir sobre nossa responsabilidade, a criar, com inteligência coletiva, ações que solucionem nossos problemas, confiando em Deus, mas conscientes da nossa liberdade?

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