Não deixe o trem perder os freios | Paulus Editora

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Tecnologia e Pastoral

09/08/2022

Não deixe o trem perder os freios

Por Ednoel Amorim

Estamos indiscutivelmente em um tempo digital, até parece que não é possível viver mais sem todo esse aparato tecnológico, porém é preciso parar, pensar e refletir sobre nossa história e descobrir nela que sempre existe outra opção (solução). Não estamos imersos em um poço sem fundo ou saída, estamos dentro de um trem super veloz, é verdade, mas que sempre para em várias estações. Expliquemos melhor!

Tecnologia não é sinônimo de ferramenta digital, nem muito menos sinônimo de celular e menos ainda nasceu no século XX. O ser humano ligou suas necessidades e/ou atividades com algum tipo de instrumento que era capaz de o ajudar na realização daquele desejo ou daquela atividade em específico, ou seja, quando o ser humano olhou para uma maça pela primeira vez e percebendo-se incapaz de alcançá-la do chão, por conta da sua estatura, subiu na árvore para pegar a fruta, objeto do seu desejo, estava já usando um dos instrumentos mais tecnológicos que existe, o seu próprio corpo. Do mesmo modo quando pensou na vara para alcançar a fruta sem precisar subir na árvore, estava utilizando um tipo de tecnologia especializado.

Partindo dessa apresentação, podemos dizer que tecnologia é tudo aquilo que amplia nossas próprias capacidades. Nesse sentido, estamos consequentemente rodeados por tecnologia, desde uma colher, lápis, escova de dentes, sapatos até um conector wi-fi ou o smartphone, todos esses são instrumentos tecnológicos. Temos a tendência de reconhecer com facilidade algo que foi inventado depois de nós como sendo tecnologia, por exemplo, o aparelho de DVD, mas não nos esqueçamos de que o copo para água, que já existia antes de nós, também é tecnologia.

Como dissemos no início, o trem no qual viajamos é muito veloz, mas de igual modo ele tem que parar ao longo do caminho nas diversas estações. Entendamos estação como as diversas gerações, realidades, culturas, modos de pensar etc. Os problemas iniciam quando esse trem perde os freios, o que faz com que ele não respeite mais as estações de parada e inclusive pode passar por cima de qualquer um que esteja em sua frente. Devemos dizer que o trem da tecnologia perde os freios quando nós achamos que tudo se resume à tecnologia digital e não somos capazes de olhar para trás e recordar que só chegamos até aqui porque estamos altamente amparados por séculos de história.

Tudo aquilo que nos propomos a fazer tem sempre mais de um jeito de ser realizado. A cultura maker, por exemplo, vem nos ensinar que aquele projeto no qual estamos trabalhando pode ser feito com uma ferramenta super moderna, mas também pode ser feito com a análise séria de um grupo de pessoas dedicadas e comprometidas em um objetivo comum. A tendência hoje é ficarmos dependentes dos inúmeros aplicativos e deixarmos de lado tudo que é analógico. Porém, se a conexão com a internet “cai” devemos cancelar tudo? Não existe outra forma de fazer? Seguramente sim. É difícil trabalhar sem oxigênio, mas sem internet asseguro-lhes que é fácil e perfeitamente possível. Não se trata de ativismo, fazer por fazer, devemos ter cuidado também com isso, mas estagnar certamente não é o caminho que buscamos.

A esse ponto se pode falar dos diversos perfis (segundo a proposta da professora Márcia Naves) que podem ajudar a organizar nossa vida e nosso modo de trabalhar, seja numa organização complexa como são as empresas, seja em organizações um pouco mais simples como equipes e a própria organização familiar de acordo com meu modo de entender. Existe, pois, quem se identifica com o perfil do maker, aquele que faz: uma pessoa que é capaz de conhecer e utilizar todas as ferramentas a sua disposição para realizar aquilo que estava somente na teoria e tudo isso com muita criatividade. Um maker não deve estar nos cargos mais altos, mas tampouco deve estar nos mais baixos, ele precisa estar nos cargos mais próximos dos diretores, pois do contrário os projetos ficarão sempre parados.

Existem pessoas que têm ótimas ideias, mas não são capazes de colocá-las em prática, seriam aqueles que “exploram” as diversas realidades, gostam da pesquisa e das teorias bem fundamentadas. Se você é um líder em uma instituição sugiro conhecer um pouco mais todos os perfis que se podem relacionar com essa dimensão do trabalho e não aceite um explorer como diretor geral, pois os projetos serão sempre perfeitos, mas não sairão do papel, ficarão apenas nas nuvens. Se for possível colocar um maker na gerência já será de boa utilidade, pois ele tem todo o potencial para realizar os diversos projetos com a melhor solução e rapidez, mas isso só é possível quando se tem um networker na direção, pois além de possuir as características daquele que pensa bastante, ele é capaz de fazer conexões, atrair pessoas; ele sabe o que fazer, nem sempre sabe como fazer, mas com certeza sempre saberá onde encontrar as pessoas certas para isso. Além desses, temos ainda o hacker que possui características bem peculiares. Ao todo são quatro personas desse universo digital, que podemos utilizar para outros campos também.

Por isso, é importante conhecer as personas, identificar cada uma delas sem desprezar suas habilidades e potenciais, mas, sobretudo, aprendendo a colocá-las no seu devido lugar dentro da organização, empresa, família etc., para que possam produzir com liberdade, tranquilidade e assertividade, uma vez que todos os perfis têm a sua importância e bom desempenho se forem bem geridos, isto é, bem coordenados. Qual seria o seu perfil, mais ação ou mais teoria? Veja, que não expliquei as características do hacker, quais você atribuiria para ele? Quais outras características podemos colocar no perfil do explorer, maker e networker? Este artigo está aberto. Coloque nos comentários suas dúvidas, opiniões… Participe!

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