Em defesa dos mares | Paulus Editora

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01/09/2019

Em defesa dos mares

Por Darlei Zanon

Com a enorme costa que caracteriza o nosso país, é bem provável que a imagem do mar esteja fortemente presente na mente de muitos de nós. Quem não gosta de ver a beleza das ondas, caminhar na praia, sentir a areia a massagear os nossos pés, ou simplesmente sentar despreocupado diante da imensidão das águas, talvez com um livro na mão, ou apenas a olhar para o horizonte infinito e poético. É difícil encontrar um brasileiro que não tenha boas recordações do mar, por isso a intenção de oração do Papa para este mês de setembro deve soar ainda mais forte. Francisco nos convida a rezar “para que os políticos, os cientistas e os economistas trabalhem juntos pela proteção dos mares e dos oceanos”.

Os oceanos são fonte de vida, abrigando uma vasta parcela da biodiversidade, mas cada vez mais sentimos os efeitos da sua exploração. A pesca abusiva e predatória, em escala industrial, já levou à extinção de muitas espécies marinhas pelo mundo a fora. A exploração das riquezas como o petróleo provocam efeito similar, destruindo a biodiversidade de imensas áreas. Problema também grave é a quantidade de lixo e de produtos químicos que são derramados diariamente sobre os mares, compostos sobretudo por materiais não degradáveis como o plástico. Em todo o planeta, são cerca de 13 milhões de toneladas de plástico a chegar ao oceano, por ano. Se pensarmos que, em média, o plástico leva 300 anos para se decompor, podemos ter um pequeno panorama do problema. Além disso, o avanço rápido do aquecimento global pode colocar em risco importantes áreas costeiras e, sobretudo, os bancos de corais, que estão embranquecendo devido ao aumento da temperatura das águas.

Diante de tantos efeitos negativos para o meio ambiente e o futuro da humanidade se esperaria reações dos Governos, mas a forma com que enfrentam a crise dos oceanos não apresentou mudanças significativas nos últimos anos. Muitos parecem ignorar o problema, ou evitam qualquer ação para o impedir. Muitos países assinam acordos internacionais, mas depois não os respeitam. Frotas industriais continuam a receber generosas subvenções no norte do planeta e frotas ilegais permanecem em atividade, escapando a todo controle. Os litorais continuam a se degradar rapidamente e as fazendas de aquicultura industrial mais destrutivas (como a dos camarões tropicais) seguem em expansão.

É necessário agirmos com medidas concretas e radicais para salvar os mares e oceanos. Por isso o Papa põe o tema em discussão, chamando todos os cristãos a rezarem especialmente para que os políticos, os cientistas e os economistas se mobilizem e “trabalhem juntos”. É preciso impor normas rígidas de proteção, e isso depende dos governos e das suas políticas. Se não colocarmos a ecologia como uma prioridade, certamente ela continuará a não ser respeitada. Se não colocarmos a defesa dos mares como urgência, eles continuarão a ser explorados indiscriminadamente.

Já são muitas as organizações e associações que defendem o meio ambiente, mas cada cristão tem o dever de contribuir com a sua parte. O Papa já nos dá o exemplo a partir das suas ações e escritos, como por exemplo a encíclica Laudato sì. O Sínodo dos bispos para a Amazônia, que será realizado no Vaticano no próximo mês de outubro, também é uma iniciativa louvável que instiga cada um de nós cristãos a nos movermos. Há tantas coisas que podemos fazer, seguindo o exemplo do Papa! A primeira delas é rezar nesta intenção. A segunda é pressionar os governos a adotar políticas de defesa da fauna e da flora, por exemplo votando em partidos que tenham esta causa como prioritária. A seguir, optando por um estilo de vida sustentável, amigo da natureza. Ações simples como evitar materiais plásticos, reciclar o lixo, usar menos combustíveis e energia, economizar o uso da água, escolher produtos e alimentos que não exploram a vida marinha, cuidar da praia… Faça escolhas mais conscientes e tenha uma atitude ecológica, o planeta e o Papa Francisco agradecerão.

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