A faca, a internet e você | Paulus Editora

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Tecnologia e Pastoral

04/12/2020

A faca, a internet e você

Por Ednoel Amorim

É próprio da condição humana cometer erros. Sabemos disso observando a realidade à nossa volta ou apenas por experiência própria. Constatar isso é simples, reconhecer que todos erramos, aí já é uma tarefa não tão fácil assim. Não por seu grau de dificuldade, mas pelo elevado nível de orgulho presente em nós. Esse já não é nada natural no ser humano. Então, a realidade que hoje quero convidar você a aceitar é que foi sempre você, depende de cada um de nós.

Para ser mais claro, gostaria de resgatar um pensamento recente do Papa Francisco. Na sua carta encíclica Fratelli Tutti. O Papa recorda nossa condição quando diz: “A questão é a fragilidade humana, […] a inclinação do ser humano a fechar-se na imanência do próprio eu, do seu grupo, dos seus interesses mesquinhos. Essa concupiscência não é um defeito do nosso tempo; existe desde que o homem é homem, limitando-se simplesmente a transformar-se, a adquirir modalidades diferentes no decorrer dos séculos, utilizando os instrumentos que o momento histórico coloca à sua disposição. […]” (Fratelli Tutti, n. 166).

Ora, levando isso a sério, temos o direito de reclamar da faca se por acaso alguém usá-la para matar outrem? É justo colocar a culpa nesse instrumento, que em determinadas ocasiões é tão útil para o ser humano? Não parece certo emitir um juízo em relação ao instrumento ou colocar a culpa nele, sendo que o próprio não tem vida e, portanto, não atua por si só, logo a culpa é sempre do ser humano que o manipula e o utiliza como instrumento de trabalho ou como instrumento de vingança. A decisão está na mente humana e não no ser da faca.

Do mesmo modo a internet é tão somente um instrumento em nossas mãos. Ela está sendo utilizada para o mal? A culpa é nossa. Ela está sendo usada para o bem? O mérito é nosso. Seja qual for a utilização, seja qual for a finalidade, na origem da decisão por este ou aquele fim, está sempre uma mente humana. Precisamos, pois, parar, pensar, refletir uma, duas, três vezes, quantas forem necessárias, uma vez que nossas decisões podem gerar um grande prejuízo para a sociedade e consequentemente para nós mesmos. Tudo é uma questão de que nesse processo urgente e necessário de discernimento (reflexão) sejamos capazes de pensar mais no bem de todos do que em nossas particularidades.

Chegamos ao fim de mais um ano. Este é um momento propício para um “balanço”. Que as festas que se aproximam sejam capazes de preencher o nosso ser de bons pensamentos, que a alegria que vem de Deus e a simplicidade do Menino Jesus sejam nossas referências na hora de direcionarmos nossas escolhas.

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