O grande “bafafá” dos últimos dias foi a manifestação de inculturação ocorrida no Santuário de Aparecida, durante a procissão de ofertório, no terceiro dia da Novena de Nossa Senhora Aparecida.
Uma encenação de cultura afro-brasileira dividiu opiniões entre profanação do templo e inclusão de culturas.
Assisti ao vídeo e o que vi foi uma breve representação teatral dos negros, vestidos com roupas coloridas originárias da África, e a expressão da devoção mariana desse povo que, na presença de um casal, levava Nossa Senhora Aparecida sobre o andor. A legenda da postagem informa: “Nossa Senhora Aparecida é Mãe de todos os povos e de todas as etnias”.
Porém, fiquei profundamente entristecida quando li os comentários da postagem, pois observei a profunda intolerância do público com a cultura negra.
Se prestarem atenção ao vídeo, não há menção alguma a ritos afros, como umbanda ou candomblé. O que a Pastoral Afro desejou foi inserir as culturas africanas, suas etnias, sua pertença como povo de Deus, no rito litúrgico daquela celebração. E de que modo foram acolhidos por nós?
Imaginem se a encenação fosse de membros de colônia italiana, com dança própria, todos brancos e alegres. Haveria a mesma rejeição?
Momento propício para nos questionarmos sobre qual seria a atitude de Cristo nessa situação, pois, se somos cristãos, deveríamos pensar e agir como ele agiria. Enquanto Ele acolheu leprosos, prostitutas, ladrões, o que nós “cristãos” estamos fazendo? Esta é a nossa Cultura do Encontro? Esta é a Igreja disposta a ir além dos muros da igreja, aberta a uma Nova Evangelização? O que Papa Francisco ainda precisa fazer para testemunhar o acolhimento a todos os povos e, sobretudo, ao que é diferente de nós?
Senti-me como Igreja perseguidora e vi o quanto precisamos crescer na fé, no respeito, na caridade.
A música e a dança inseridas na liturgia têm o papel de aproximar o povo, não somente os convertidos ou sul-americanos, ao amor pascal. Além de identidade cultural, a canção precisa ter a inspiração do Espírito Santo e precisão teológica, sendo assim funcional ao rito e, ao mesmo tempo, convidativa, envolvente. Ela deve conquistar o coração das pessoas; um toque suave que alivia a alma. Ela não está a serviço do próprio eu, mas a serviço dos povos e de cada povo de maneira própria, com proposta e objetivos bem definidos.
Se a liturgia em sua totalidade não insere e não inclui as pessoas, ela se torna estéril.
O Senhor deseja acolher a TODOS ao redor do seu altar.
Não é a Igreja que se molda a mim, mas eu sou e vivo a Igreja global, estando a serviço e dando a vida por ela e pelos meus irmãos.
Ou mudamos nossa mentalidade, ou estaremos pensando sermos “cristãos”. Somente pensando.
Ótimo texto, parabéns! Na Paróquia que frequento o Padre é africano e andamos sua roupas coloridas, os panos que enfeitam nossa paróquia (que vem da liturgia africana) e também o lindo jeito de celebrar a liturgia, é uma celebração viva e não deixa, nem um pouco de ser cristã, católica e apostólica. Amo a liturgia e as formas diferente de celebramos a Eucaristia. Parabéns Jake!
Prezada Irmã, Devo, cordialmente, discordar da senhora, tendo em vista dois pontos principais. Primeiro. As rúbricas litúrgicas permitem tal manifestação? Se sim, resta ainda outra questão, caso a resposta seja negativa, não temos que discutir nossas opiniões e gostos subjetivos,sigam-se as regras e ponto. Segundo. Se houvesse qualquer manifestação cultural de outros povos e etnias, a repulsa seria a mesma, ou a senhora não imagina que se alguém dançasse o "Vira" português, isso seria bem acolhido? Não é pela origem (cultural) da manifestação, e sim pelo desrespeito ao sagrado. Pois afinal, a missa, ao contrário do que a senhora afirma, não é para o povo, é para honrar a Deus, vide as missas privadas nas quais não há povo algum, somente o sacerdote e Deus... O sacrifício é ofertado a Deus, pelo bem da Igreja, não é uma festa para os povos. Deus é a parte principal da missa, por assim dizer.Despeço-me amistosamente, fazendo votos de que a senhora viva cada dia mais conforme os ensinamentos da santa doutrina católica. Paz de Cristo.